domingo, 5 de junho de 2011

Todo dia é Dia do Meio Ambiente?

Afinal, todo dia é Dia do Meio Ambiente?... Ou só temos o dia 5 de Junho?
Jorge Bem já dissera, pela voz de Baby do Brasil (neste vídeo):
”Todo dia era dia de índio
Mas agora eles só tem
O dia 19 de Abril...”
Caverna do Caminho - Ricardo Siqueira
O Dia do Meio Ambiente, 5 de Junho, foi criado em 1972, em Estocolmo, durante conferência da ONU sobre o tema, e adotado pelo governo brasileiro, por decreto, em 1981. Astrólogos já disseram que melhor seria que a data caísse no signo de Touro, mais prático, em vez de Gêmeos... Pois, temos também o Dia da Terra, 22 de Abril, signo de Touro, uma criação americana da virada dos anos 70, espécie de eco ecológico dos movimentos pacifistas...
Jacaré com borboleta - Luiz Cláudio Marigo

O que não temos, afinal, é respeito pelo Meio Ambiente. Reina a mais descarada exploração, quando não é, “apenas”, pura destruição... 



Em compensação (se é que podemos dizer assim...), o que não falta ao Meio Ambiente são belas imagens, um colírio para as nossas desgastadas frustrações ecológicas... Nas livrarias, brotam livros e livros de fotógrafos brasileiros, que investiram tempo e paciência para fotografar o meio ambiente.

E podíamos citar todos os associados da AFNatura, Associação de Fotógrafos de Natureza, que (em mais uma dessas ironias do meio...) luta contra uma nova modalidade de mercantilismo, praticada justamente por outros defensores da natureza... De uns tempos para cá, as Administrações das Unidades de Conservação ambientais vinham tentando “privatizar” a natureza, insistindo em cobrar dos fotógrafos (agora, em consulta pública) uma espécie de “direito de imagem” dos “seus” animais e paisagens...

"Peixe simpático" - Ricardo Azoury
São belos livros, mas tão custosos que necessitam de patrocínio. Ainda assim, são caros demais, mais próprios para (muito mal comparando...) o privilegiado consumo dos industriais e latifundiários do que dos trabalhadores em geral, e ficam muito distantes daquele que é contratado para derrubar árvores... 

Talvez por isto estas fotos não têm contribuído suficientemente para a preservação ambiental, não o bastante, o que talvez nos ensine algo sobre o desgaste (ou a insuficiência) das imagens como estímulo à consciência nestes nossos tão pragmáticos tempos...


Às vezes, há poucas imagens de grandes perdas... 

Natura - Frans Krajcberg - exposição MAM60
Um exemplo é a destruição da Mata Atlântica do sul da Bahia, dizimada entre as décadas de 50 e 70 do século XX, cujas imagens marcantes talvez sejam as de um artista plástico, Frans Krasjberg, graças à sua renitente resistência, um humano que teimou em viver naquelas matas...
Biguatinga do Pantanal - Araquém Alcântara




O pior é perceber que estes livros tendem a se transformar em luxuosos mausoléus: seus coloridos conteúdos, se já não estão, logo estarão mortos...


No fim das contas – pelo menos, enquanto não vem o fim dos tempos... – , parece mesmo que, no Brasil, ao contrário do que sugere a pergunta inicial, nenhum dia é dia de preservação do meio ambiente...



"Fim de expediente na Amazônia..." - Ricardo Beliel

Clique nos nomes para acessar os sites dos fotógrafos  
Ricardo Siqueira, Luiz Cláudio Marigo, Ricardo Azoury, Araquém Alcântara
informações sobre Frans Krajcberg e entrevista de Ricardo Beliel sobre a Amazônia.


12 comentários:

Eduardo Tolipan disse...

É isso, Guina.

Ramosforest.Environment disse...

Dia do Meio Ambiente são todos os dias.
Um bom fim de expediente chegará quando não houver mais serras elétricas ( nem foices, nem machados) nas florestas.

MEMÓRIAS CAMINHADAS disse...

Guina,
muito bom trabalho, com excelentes denúncias e fotos. Importantes informações. Realmente o melhor seria que todo dia fosse DIA DO MEIO AMBIENTE. A foto da motossera causa arrepios e tristeza.
Beijos

Ricardo Beliel disse...

Oi Guina. Ficou legal. Acho até que a qualidade [da foto] não está tão ruim assim para a internet. Gostei do texto. Você é meu mestre!!!!

Aguinaldo Ramos disse...

Bondade sua, Beliel.
O seu trabalho é que é de mestre!

Madalena Barranco disse...

Guina,

Tem razão... Existe dia para todas as causas, no entanto, se não fazemos o dia valer a pena, para que tantas datas? Fiquei encantada com a foto do jacaré com a borboleta!

Obrigada por compartilhar esse texto e fotos.

Abraços

Teócrito Abritta disse...

Parabéns pelo artigo, lembrando que no dia três de junho foi comemorado o centésimo décimo ano de nascimento de José Lins do Rego, um dos precursores do conservadorismo.
José Paulino – avô do Menino de Engenho – gostava de percorrer a sua propriedade, de andá-la canto por canto, olhar as suas nascentes... “Eram assim as viagens do meu avô, quando ele saía a correr todas as suas grotas, revendo os pés de pau de seu engenho. Ninguém lhe tocava num capão de mato, que era o mesmo que arrancar um pedaço de seu corpo... que não lhe bulissem nas matas. Os seus paus-d’arco, as suas perobas, os seus corações-de-negro cresciam indiferentes ao machado e às serras. Uma vez, numa das nossas viagens, vi-o furioso como nunca. Entrávamos por uma picada na mata grande e ouvíamos um ruído de machado..."

Teócrito Abritta

Ana Maria Motta Ribeiro disse...

Guina,
Assim como todo dia é dia de índio!
Bjs
Aninha

Teócrito Abritta disse...

Prezados
Abaixo envio o link para o artigo:
“JOSÉ LINS DO REGO E A PRESERVAÇÂO AMBIENTAL”
http://blogtecritoabrittatapetumlucidum.blogspot.com/
Envio também o link para o vídeo “OLIVEIRA DE PANELAS CANTA ZÉ LINS”:
http://www.youtube.com/watch?v=LCtAAR7t0E8
Abraços
Teócrito Abritta

Teócrito Abritta disse...

Prezados
Abaixo envio o link para o artigo:
“JOSÉ LINS DO REGO E A PRESERVAÇÂO AMBIENTAL”
http://blogtecritoabrittatapetumlucidum.blogspot.com/
Envio também o link para o vídeo “OLIVEIRA DE PANELAS CANTA ZÉ LINS”:
http://www.youtube.com/watch?v=LCtAAR7t0E8
Abraços
Teócrito Abritta

Humberto Borges disse...

Obrigado pela a remessa do e-mail [post] ecológico. Lindo material.
Só para constar, eu publiquei entre 12 e 16 de março de 1970 uma das primeiras séries ecológicas da nossa imprensa.
Foram cinco páginas inteiras no JB do tempo da Rio Branco, sob o
título geral de "Natureza Morta, Um Quadro do Futuro".
Se você quiser pode recuperá-las no site que reproduz "todos os JB do século XX":
http://news.google.com/newspapers?nid=OqX8s2kIiRwC&sdat=19920614&b_mode=2
O termo "meio ambiente" foi inventado depois por algum ecologista redundante: meio e ambiente são sinônimos.
Quando juntas, a palavra meio adjetiva o termo como ambiente pela
metade. Por essas e outras, o MEC
ensina nóis a andar de bicicreta, a galera torce pelo Framengo e as
poluição da sujera é mais ou menos.
Um meio abraço
ambiental, do todo seu
Humberto Borges.

Aguinaldo Ramos disse...

Maravilha!
A recuperação deste material me interessa muito, vou dar uma olhada, ver o que entrou de foto, é claro. E gostaria de acrescentar ao blog o seu comentário.
Que resvala até pelo ora conturbado ambiente gramatical...
A sua colocação tem tudo a ver, até andei brincando em torno da expressão, falando, numa divulgação que fiz, em "O meio mal ambiente".
Só que discordaria da afirmação de que "o MEC ensina" coisas como vc cita...
O que percebi aí foi mais um daqueles apelativos momentos da nossa imprensa (nossa, quem, cara pálida?...), como sói acontecer (ainda existe isso?...) quando ela se coloca (e se força) como oposição, seja lá a que for...
Andei lendo muito a respeito e a questão me parece bem colocada neste texto, http://pontoecontraponto.com.br/?p=6312
Fico altamente grato pela presença, proponho que se mantenha como diálogo, constante e contínuo!
Abraços ecogramaticais e jornalísticos,
Aguinaldo Ramos