2 - Do frio de Minas ao agito da Semana...

Saindo de Tiradentes, com um Masao meio tresnoitado completando a tripulação, o fusquinha estava pronto para encarar o mar de morro de Minas!
Mas, antes, bem lembrado pelo Celso, cumprimos o ritual cívico-fotográfico-patriótico de visitar o túmulo do falecido quase-presidente Tancredo Neves, em São João del Rey, antes de pegarmos uma estrada regional em direção à BR-040.
Fazia um frio dos invernos!... Ah, e o vento?!... Nada conseguia conter o vento, não adiantava fechar os vidros. A gente com todos os casacos e tremendo de frio!... Está certo que o fusquinha não esquentava com o calor do Rio de Janeiro, mas ali era gélido!… Até que entendi: não funcionava o controle dos tubos de ar que refrigeravam o motor e os passageiros: o vento circulava pelo carro todo!
Em compensação, atravessamos trechos de cartão postal, deslizando pelas onduladas colinas verdejantes de Minas... Até hoje imagino a foto aérea: o fusquinha “amarelo manga” (é o que constava dos documentos) destacado sobre o asfalto da estrada, em meio ao verde pastoril...
A próxima parada foi Congonhas, que todo mundo conhece como Congonhas do Campo... Um monumento religioso que me causou certo espanto: uma esplanada morro acima, mais larga que um campo de futebol, ladeada de capelas com figuras em tamanho natural, e com a igreja ao alto, “defendida” pelas estátuas dos profetas, todas elas esculturas de Aleijadinho. No fundo, mais parecia um daqueles monumentos de pedras de religiões pré-históricas....
Vagamos por ali, fizemos as fotos de praxe e, pronto!, pé na estrada: o que interessava mesmo era chegar logo a Ouro Preto!
Ainda não sei o que vou lembrar do Encontro, mas, da chegada a Ouro Preto, lembro vagamente do grande burburinho da praça principal, o quadrilátero de paralelepípedos cercado por prédios coloniais que tem uma coluna ao centro e sobre ela a estátua de Tiradentes. Certo, já tínhamos nosso ponto de encontro para todos aqueles dias...
Minha expectativa para a Semana, acho que não era muita... Entrei na fotografia com a intenção de ser uma “testemunha do leitor”, alguém que registra uma imagem e mostra a quem não pode estar lá. Continuava com este espírito fotojornalístico e as variações sobre fotografia não me motivavam muito. Por outro lado, estava a dez anos dentro de redações e conhecia apenas os fotógrafos que encontrava nas ruas. 
Os 5 do fusquinha na foto oficial
Parecia um bom momento para conhecer outras figuras...    [Aguinaldo Ramos]
O que mais me lembro é de uma conversa, em São João Del Rey, com alguém dizendo que se bebia muito lá. "Mas quanto é muito?". "Será que é mais do que eu bebo, e nem sou daqui?".
Também me lembro que eu fui no banco da frente porque acharam que eu ia apertar muito o pessoal atrás. Não sei porquê??!!     [Masao Goto Filho]

Muito boas essas lembranças! Não me lembro muito, mas uma das coisas que me lembro acho que fotografei, foi o cemitério de São João Del Rey... O Tancredo já tinha morrido nessa época? 
Porque ele foi enterrado lá, não lembro se fomos lá por isso, tenho uma vaga lembrança que sim.. :)
Sim, me lembro que a chegada à Ouro Preto foi incrível. Nunca havia estado por lá, foi a primeira e, até agora, única vez. Lembro de um vale com morros belíssimos e uma neblina qua cobria tudo, dando um ar meio irreal...    [Vera Sayão