sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Quando o povo perde a eleição

Talvez se encerre neste domingo, 03/10/10 (se não houver 2º. turno) uma das campanhas eleitorais para Presidência da República das mais insossas de todos os tempos...
Entre outros motivos, pela pouca presença do eleitor, o povo, nas ruas, nos comícios, nas campanhas. Seguindo a tendência tecnológica das últimas décadas, até a própria campanha eleitoral foi se tornando virtual, frequentando basicamente o rádio, a televisão e a internet.
Mas, nem sempre foi assim...
No início da República as eleições mantiveram o padrão "coronelista", o "voto de cabresto", a lista de eleitores do chefe local, heranças das divisões de poder do Império. Práticas que evoluíram para a predominância dos governadores como chefes políticos regionais, com destaque para os estados economicamente mais fortes, São Paulo e Minas Gerais, a alternância "café com leite" no poder.
Acrescenta-se a este quadro a intempestividade das intervenções militaristas e ainda mais confusa se tornou a política brasileira, sempre garantida a divisão do poder por grupos restritos. A partir de várias formas de mobilizações democratizantes, de anarquistas a grupos legalistas, o povo aumenta sua participação nas campanhas presidenciais, mas não chega a  influir muito no resultado...
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Em 1909, Rui Barbosa percorreu de trem, em campanha, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo - Arq. FCRB.
O exemplo mais significativo é o das eleições de 1910. A Campanha Civilista, encabeçada por Rui Barbosa (ao centro da foto), recebe amplo apoio popular, mas, por conta do esquema de manipulação de votos dominado pelo deputado Pinheiro Machado, foi oficialmente eleito o Marechal Hermes da Fonseca.

Há outras formas do povo perder as eleições... Escolhas excessivamente emocionais, por exemplo. Na última eleição antes da ditadura e também na primeira após seu fim, as candidaturas mobilizadoras das massas acabaram dando chabu!...
Jânio Quadros, em 1960, é eleito com mais de 2/3 dos votos, mas, após pouco mais de um ano de mandato, vítima, segundo ele, de "forças terríveis", renuncia.
João Roberto Ripper. - Diretas Já - Rio de Janeiro, 1985
Collor de Mello, eleito em 1990 sob a fama de "caçador de marajás", é acusado, pouco mais de um ano depois, de corrupção e, correndo risco de impeachment, renuncia.
















A ironia das ironias, em termos de participação do povo no processo de escolha do presidente da República, é certamente a campanha das Diretas Já, 1985.






Custódio Coimbra - 1985





Provavelmente a maior mobilização popular da História do Brasil, visava a aprovação pelo Congresso de eleições diretas em 1985, o que encerraria o ciclo ditatorial que vinha de 1964. Apesar do fracasso, a campanha serviu de base para o consenso na escolha, por eleição indireta, do presidente Tancredo Neves.  Que, eleito, não chegou, afinal, como se sabe, a tomar posse...

6 comentários:

Margareth Bravo disse...

Guina que texto excelente!Evolui tão bem, que merece que você desenvolva mais adiante, está nas entelinhas, mas ficou com gostinho de quero mais...Estou adorando a Foto Histórica! beijos

Mônica Leite Costa disse...

Que beleza, Guina! Fiquei emocionada, obrigada, querido! Beijos.

Márcia Martins Olimpio disse...

Seu texto acompanhado por imagens históricas, resume com precisão os principais momentos das campanhas eleitorais no Brasil.
O que mais gostei foi: "Há outras formas do povo perder as eleições... candidaturas mobilizadoras das massas acabaram dando chabu...". Acho que vamos ver esse filme de novo...
(via Facebook)

vera regina solon lopes disse...

GUUIIINNNNAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!
Maravilhoso!!!!!
Parabéns!!!!!!!!
Abraços,
Vera

vera regina solon lopes disse...

GUUIIINNNNAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!
Maravilhoso!!!!!
Parabéns!!!!!!!!
Abraços,
Vera

Mauricio Murad disse...

Guina, essa foto do J R Ripper, Diretas Já, de 85, é simplesmente MARAVILHOSA. Valeu pelo envio.
Abç., Mauricio.