Convite Exposição SUB - CCJF - Rio de Janeiro, 2012 |
É bem o que pode ser visto na exposição SUB, do fotógrafo Marcelo Carnaval, com fotos atuais das
instalações e dos usuários do metrô do Rio de Janeiro, aberta no Centro Cultural da Justiça Federal até 1 de Julho de 2012.
Foto Marcelo Carnaval, expo SUB - CCJF - Rio de Janeiro, 2012 |
Carnaval trata disto muito bem, mas não deixa de integrar a elas as pessoas, que são, evidentemente, os protagonistas. Cristina Chacel, no convite, ao apresentar a exposição, esclarece como o autor consegue tal integração: “A sub-cidade de Carnaval floresceu em gente. (...) É cidade que submerge para emergir em encontros, carnavalizada pelo artista que extrai alma da pedra bruta e brinca de fazer luz”.
Foto Marcelo Carnaval Expo SUB - CCJF - Rio de Janeiro, 2012 |
As
imagens de Marcelo Carnaval não só abriram novas percepções estéticas (e até práticas) em relação ao Metrô
do Rio, como me provocaram um "choque de memória": tornou-se necessária uma ida aos meus (também subterrâneos) arquivos (caixas e caixas de papel fotográfico e de
plástico ondulado, com recortes de revistas e jornais, cartelas de negativos ou
slides e fotos copiadas em diversos tamanhos) para a recuperação de uma matéria
sobre a inauguração do primeiro trecho do Metrô, que lembrei ter feito para a
revista Manchete, no distante ano de 1979...
Não achei justamente a abertura (o título e créditos), mas lá estavam as páginas amarfanhadas, com uma anotação a caneta: “Manchete # 1386”. A edição da revista deu ênfase aos seus interesses da época, com várias fotos de três temas: as instalações do metrô, "elogiadas pelo próprio presidente francês Giscard d'Estaing", a reurbanização da cidade, depois de demoradas obras, e a presença pouco habitual do presidente Ernesto Geisel, em versão quase populista...
Faz-se de tudo, mas lembro que o grande
desafio (em termos fotográficos) foi “calibrar” a cor da luz nas fotos de interiores. Era um
novo tipo de iluminação (a cada hora lançavam um novo tipo de lâmpada) e, para corresponder à
percepção comum (ou, na verdade, às exigências meio neuróticas dos editores,
que sempre queriam todas as imagens “equilibradas”), e dadas as limitações da
época (o uso de slides, que não permitiam correções posteriores), era
necessário fazer a filtragem da luz, corrigir o seu desvio para azul e/ou verde, nem sempre com resultados muito exatos...
Estação Cinelândia - revista Manchete - abril, 1979 - foto Aguinaldo Ramos |
Um problema, para a revista, semelhante ao do desfile de Carnaval (o outro, não o nosso fotógrafo...), cujas luzes também precisavam ser corrigidas. Lembro qualquer coisa de usar uma combinação dos filtros magenta e amarelo (20% de um, 30% de outro, por aí), tanto em um quanto no outro caso.
Visor prismático |
Capuchão |
O difícil da História (quando falamos daquela em que se está) é vê-la em movimento...
A lembrança dos primórdios ou a observação do contemporâneo, no Metrô do Rio, não pode desviar nossa atenção do que acontece agora e do que se pode imaginar que vem por aí, basta apenas projetar para o futuro algumas das fotos de Marcelo Carnaval.
Fato é que, desde a “invenção” da ligação direta da Linha 2 com a Linha 1 na Central, a óbvia proposta de um metrô em rede foi desprezada. Pelo que está acontecendo na operação (as paradas e os riscos) e pelas obras de extensão que estão sendo feitas (a emenda de uma falsa Linha 4 a partir da estação Ipanema), esta desconfiguração do Metrô, segundo especialistas, será conhecida no futuro como um grande erro histórico.
Os que tomaram estas decisões inconsequentes têm esta vantagem: quando (e se, é claro) a História confirmar a previsão de um Metrô cada vez mais angustiante e insuportável, já não estarão mais no poder...
A lembrança dos primórdios ou a observação do contemporâneo, no Metrô do Rio, não pode desviar nossa atenção do que acontece agora e do que se pode imaginar que vem por aí, basta apenas projetar para o futuro algumas das fotos de Marcelo Carnaval.
Foto Marcelo Carnaval - Expo SUB - CCJF - Rio de Janeiro, 2012 |
Fato é que, desde a “invenção” da ligação direta da Linha 2 com a Linha 1 na Central, a óbvia proposta de um metrô em rede foi desprezada. Pelo que está acontecendo na operação (as paradas e os riscos) e pelas obras de extensão que estão sendo feitas (a emenda de uma falsa Linha 4 a partir da estação Ipanema), esta desconfiguração do Metrô, segundo especialistas, será conhecida no futuro como um grande erro histórico.
Foto Marcelo Carnaval - Expo SUB - CCJF - Rio de Janeiro, 2012 |
Os que tomaram estas decisões inconsequentes têm esta vantagem: quando (e se, é claro) a História confirmar a previsão de um Metrô cada vez mais angustiante e insuportável, já não estarão mais no poder...