Nada melhor que iniciar estes comentários sobre fotos históricas por aquelas que são, reconhecidamente, as mais antigas do Brasil.
Hercules Florence à época da Expedição Langsdorff |
O fato é que as primeiras fotografias (daguerreótipos) a registrar nosso ambiente sócio-cultural são imagens do Paço Imperial, do chafariz do Mestre Valentim e da Praia do Peixe (com o Mosteiro de São Bento ao fundo), obtidas em janeiro de 1840, no Cais Pharoux (atual Praça XV), Rio de Janeiro, pelo abade Louis Compte, capelão do navio-escola francês L’Orientale (ele antes teria feitos imagens, desaparecidas, de Salvador).
Paço Imperial, Rio - Louis Compte (?), 1840 (?) |
É preciso ter visto a cousa com os seus próprios olhos para se fazer idéia da rapidez e do resultado da operação. Em menos de 9 minutos, o chafariz do Largo do Paço, a Praça do Peixe e todos os objetos circunstantes se achavam reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que a cousa tinha sido feita pela mão da natureza, e quase sem a intervenção do artista.
Assistiu à demonstração o futuro Imperador D. Pedro II, então com 14 anos de idade. Entusiasmado, D. Pedro adquiriu o aparelho em março do mesmo ano, iniciando emocionada relação com a fotografia, como fotógrafo, mecenas (atribuindo títulos e honrarias aos principais fotógrafos do país) e colecionador, legando à posteridade a “Coleção Família Imperial” do Museu Histórico Nacional e a “Coleção D. Thereza Christina Maria” da Biblioteca Nacional.
A daguerreotipia, primeiro processo fotográfico formalmente reconhecido (19 de agosto de 1839, Academie des Sciences de Paris), teve como principal desenvolvedor Louis Jacques Mandé Daguerre.
Daguerreótipo é "uma imagem única realizada sobre uma
placa de cobre recoberta de uma fina camada de prata.
Sua superfície prateada reluzente mostra, conforme
o ângulo do olhar, ora uma imagem negativa,
ora uma imagem positiva: é um positivo direto".
placa de cobre recoberta de uma fina camada de prata.
Sua superfície prateada reluzente mostra, conforme
o ângulo do olhar, ora uma imagem negativa,
ora uma imagem positiva: é um positivo direto".
No Brasil, um dos poucos pesquisadores (e autor) de daguerreótipos é Francisco Moreira da Costa, fotógrafo do Museu do Folclore, que ministra oficinas sobre o tema em todo o Brasil e também em seu estúdio de Lumiar, Nova Friburgo-RJ.
Curiosamente, nesta data, na palestra “Os daguerreotipistas estão chegando”, do ciclo Memória & Informação, da Casa de Rui Barbosa, Francisco comentou que o daguerreótipo com a imagem do Paço ( do acervo do Palácio Imperial de Petrópolis, reproduzida por ele) pode não ser o original...
Diz ele que, segundo alguns pesquisadores, acréscimos de balcões na fachada do Paço seriam de meados da década de 1840, o que significa dizer que a imagem pode ser posterior às outras obtidas por Louis Compte.
Ou seja, algo a ser conferido...
Um comentário:
Está de parabéns o Guina por dar continuidade ao
trabalho na História Comparada da Ufrj. E é claro, de
parabéns pelo Prêmio Marc Ferrez que recebeu!
Um abraço, Marcos Vinício Cunha.
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