quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Mais "Uma Agenda para a Fotografia"!

Reativando este blog (que, mesmo parado desde 2013, tem estado sempre disponível), republico esta postagem (do Facebook, 27/11/2017), relativo a evento altamente interessante, que certamente demandará ecos significativos, dedicado a todos que têm como prazeroso o tema:

"Nesta semana acontece o evento "Uma Agenda para a Fotografia", na SFF - Sociedade Fluminense de Fotografia.
Trata-se, mais precisamente, do seminário "Coleções Fotográficas: acervos, preservação, pesquisa e políticas de acesso" (vejam o cartaz do evento), que tem, entre outras, a transcendental qualidade de unir amigos do campo profissional, como Ricardo Beliel e Simone Rodrigues, e do campo acadêmico, como, na organização e mediação, Silvana Louzada.
 
O tema é apaixonante e sobre ele creio que posso (e de certa maneira devo) contar um pouco sobre a minha experiência com o material que fui acumulando em todo meu tempo de fotojornalista, desde os anos 1970, e apontar o que significou guardar e conservar (ou não...) este material, sob suas várias formas, do negativo puro e simples aos recortes de jornal ou de revista, e mais os contatos, as cópias etc.
Meu envolvimento com fotojornalismo foi de ordem prática, pois por tantos anos trabalhei nisto, da Editora Bloch, a partir de 1976, com a sua profusão de revistas (Manchete, Fatos & Fotos, Desfile, Amiga, Sétimo Céu, Ele & Ela, Manchete Esportiva etc), e depois o Jornal do Brasil, na maior parte dos anos 1980, a que se seguiram os freelances para sucursais cariocas de revistas e jornais (Veja, IstoÉ, Visão, Folha, Estadão) e, depois, para house-organs de algumas das principais empresas sediadas no Rio de Janeiro (Shell, CSN, Petros, Furnas etc).
Outro tipo de envolvimento começa no início dos anos 2000, quando completei Ciências Sociais (que havia iniciado nos anos 1970), no IFCS/UFRJ. Emendei com a pós-graduação "Fotografia como Instrumento nas Ciências Sociais" [hoje, Fotografia e Imagem], e daí lecionei Comunicação & Imagem, ambas as práticas na Candido Mendes, sob a orientação e convite de Milton Guran.
Esse convívio com a teoria me levou ao mestrado em História Comparada, de novo no IFCS, com o tema "A História bem na Foto: fotojornalistas e a consciência da história", usando como referência os testemunhos de fotojornalistas sobre as suas fotos históricas. Essa dissertação (que, aliás, contou com a orientação informal, mas fundamental, de Ana Maria Mauad), me levou a obter, de vários fotojornalistas, depoimentos gravados em vídeo (também na perspectiva de realizar um documentário), uma memória hoje depositada no Labhoi - UFF.
Também como produto deste mestrado, publiquei toda a série de entrevistas (e as transcrições dos vídeos) numa sucessão de blogs, com o título geral de "A História bem na Foto" (http://ahistoriabemnafoto.blogspot.com.br/).
Ainda inspirado nessa dinâmica, ganhei o prêmio Marc Ferrez 2010, com o projeto "A Foto Histórica (e suas histórias) no Brasil", cujo objetivo era a produção de um livro sobre o tema (os originais, com mais de 200 páginas, foram entregues à Funarte, mas ainda não publicado). Em paralelo, [passei a publicar este] outro blog, em torno das fotos históricas brasileiras, disponível em http://afotohistoricanobrasil.blogspot.com.br/
Na sequência, após uma produção literária de um romance e dois livros de contos, voltei a atenção para meu até então quase intocado acervo fotográfico. Uma parte havia sido bem preservada e, escolhidas as fotos, resultou, em 1999, na exposição "Vi da Lida", no atual espaço Oi Futuro, e, imediatamente, no projeto "Personagem", visando a produção de um livro de fotografias através de leis de incentivo fiscal etc., que, por conta das dificuldades de patrocínio etc, não resultou em nada.
A partir de 2013, mudando o foco, abro minha própria editora, Guina &dita, que publica livros no formato básico e comum. Dentro dela, pretendia acolher a publicação de livros que resumissem a obra de fotojornalistas, algo, muito mal comparando, na linha dos clássicos Photo Poche, mas, com ênfase no depoimento do autor. Fui obrigado a reconhecer as minhas limitações como editor e, além dos meus, publiquei apenas o livro "O direito autoral na comunicação social", de Adalberto Diniz, respeitabilíssimo fotojornalista.
Por outro lado, passei a ter a possibilidade de publicar livros baseados no meu acervo de fotografias, não mais sob a forma ideal de "livros de arte", altamente produzidos, com alta qualidade técnica e de material, e custos altíssimos também, mas utilizando o formato tradicional, 14x21cm, e impressão normal.
Daí, resultaram três livros:
> um de memórias (mas também de reflexão), com histórias de fotos (e reportagens) dos meus tempos de fotojornalista: "A outra face das fotos - Reminiscências e elucubrações sobre a arte e a prática do fotojornalismo" (http://www.guinaedita.com.br/p/4.html);
> a concretização do projeto "Personagem", que, não por acaso, passou a se chamar "Personagem Cabal", contando, em prosa poética, a trajetória de um/a "personagem", que é qualquer um/a presente nas 100 fotos do livro, todas recontextualizadas do fotojornalismo. (http://fotopersonagem.blogspot.com.br/)
> e, ainda em processo de lançamento, "[O dos] Bonecos e [a das] Pretinhas", ou apenas "Bonecos e Pretinhas", com mais de 300 fotografias (retratos), em que as fotos são "envolvidas na ficção de uma novela que as encaminha, comenta ou cita". (https://bonecosepretinhas.blogspot.com.br/)
Bem, tudo isso (queiram perdoar o textão...) para dizer que é fundamental a utilização deste vasto material fotográfico acumulado em tantas fontes de imagens, do particular ao institucional, tanto no contexto historicista quanto no emocional, para simplificar.
Iniciativas nesse sentido são ótimas, como, por exemplo, o recentemente publicado livro "O uso criativo de acervos fotográficos", de Pedro Afonso Vasquez, editado pela Funarte, pelo que sugere de usos interessantes, alguns dos quais, de certa maneira, posso ter, modestamente, antecipado.
Em suma, objetivamente: acredito que seja, até, uma necessidade, para todos os fotojornalistas (em especial os aposentados...), fazer recircular ou, de alguma forma, ver revivido este material que lhes custou tanto ter acumulado. E se puderem, através de Universidade ou algum outro meio voltar a acessar tudo o que ficou (talvez para sempre...) preso nos arquivos das empresas ou outras instituições, ainda melhor!
Fico feliz de ver que alguns fotógrafos fizeram investimentos parecidas ou que vão nessa linha, e rapidamente capturo alguns que podem se interessar também pelo evento: Evandro Teixeira, Alan Marques, José Inacio Parente, além dos que trabalham, pelo prazer da coisa, em torno de fotos históricas, como Fernando Rabelo, Gustavo Stephan, e tantos outros!"

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