João Cândido |
Glória a todas as lutas inglórias
que através da nossa História
não esquecemos jamais
que através da nossa História
não esquecemos jamais
As comemorações do centenário da Revolta da Chibata, com homenagens ao Mestre Sala dos Mares João Cândido, o Almirante Negro, traz à tona a presença do negro na fotografia brasileira.
Ocorrida em 1910, a Revolta da Chibata teve considerável cobertura fotojornalística, apesar das limitações políticas e técnicas (saiba mais nos links).
Na foto, publicada pela revista O Malho em 27 de Novembro de 1910, a bordo do encouraçado Minas Gerais, João Cândido lê os decretos presidenciais de abolição dos castigos físicos na Marinha e de anistia aos revoltosos, tendo à frente o Cmte. Pereira Leite, que aguarda a devolução do comando.
João Cândido discute anistia com Pereira Leite - O Malho, 1910 |
No detalhe, o fotógrafo flagrado no lado errado do lance...
Note-se, além da elegância do seu traje, o tamanho (e imagine-se o peso) do equipamento fotográfico. Seria, pelo tipo físico assemelhado, Augusto Malta, autor de importantes registros do episódio?...
Tratados com uma violência escravocrata, os marujos, negros na sua grande maioria, para surpresa da sociedade de então, demonstraram uma alta competência, da organização do movimento ao comando dos mais modernos navios de guerra da época.
Os registros fotográficos da Revolta da Chibata dão uma dimensão realista às relações sociais e étnicas do momento, mas a atitude escravocrata também persistia na imprensa, que estampou diversas alusões de cunho racista contra as lideranças do movimento.
Por exemplo, na capa da revista Careta, o que seria a resultante “inversão de papéis”: marinheiros brancos, descalços e subservientes, sob comando de oficial negro, com traços forçadamente simiescos.
Este, justamente, um dos temas da palestra do pesquisador e colecionador George Ermakoff, autor do livro O Negro na Fotografia Brasileira do Século XIX, na biblioteca do Centro Cultural da Justiça Federal (Rio), no dia 23/11/2010, por conta das comemorações da Semana de Consciência Negra.
O editor George Ermakoff, ladeado por Cristina Paiva (biblioteca CCJF) e Tom Farias Alves (biógrafo do poeta Cruz e Souza, do abolicionista José do Patrocínio e da escritora Carolina Maria de Jesus). |
Escravo Mina - Cristiano Jr, c. 1865 |
Escravo Mina Ossa, Augusto Stahl,1865 |
Mas, também, do uso pretensamente científico destas fotografias.
Negra vendedora - Alberto Henschel, 1870 |
Coleções delas foram parar em instituições americanas, como as de Augusto Stahl (alemão, no Brasil entre 1853 e final dos anos 60), que o pesquisador Luiz Agassiz levou para Harvard, EUA, ou as de Alberto Henschel (alemão, entre 1866 e 1882 teve estúdios em Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo), que foi levada em quantidade para museus alemãs, de onde Ermakoff os resgatou para seu livro.
Mas faz muito tempo...